Janeiro 2025



Janeiro já acabou...


Fechamento Financeiro

Este mês eu bati o pé e decidi: não irei mais apostar em memecoins.

Toda hora eu colocava uns trocados nessas memecoins para tentar a sorte e sempre me fodi. Obviamente eu coloco pouco. Na do Trump mesmo eu coloquei 100 reais. Fui dumpado. O fodendo Presidente dos Estados Unidos da América criando um esquema de pump & dump. Caralho. Eu tomei um golpe do Presidente dos EUA. Para quem vou reclamar, hue?

Enfim, eu devo ter apostado uns 1500 reais desde o meio do ano passado pra cá em moedinhas do momento que estão prestes a explodir e só tomei no rabo. Cansei de ser feito de palhaço, agora é só Bitcoin.


Por falar em Bitcoin, vendi uns mil e duzentos neste mês porque eu precisava de real.


Variação.: +184.20 (+0.27%)

Neste ano: +184.20 (+0.27%)


Mês Total (R$) Dif. (R$) Dif. (%)
2024 66608.00 7508.03 12.70
JAN/2025 66792.20 184.20  0.27

Estranhamente, pouca diferença apesar da subida. Não entendi o porquê. Preciso controlar melhor minhas finanças...


Alocação

Bitcoin: 90.10%

Bancos.:  7.23%

Cash...:  2.23%

Críptos:  0.41%


Gastos no mês: R$ 871.97

Eu fiz uma viagem neste mês que me custou 652.00 reais.

O resto deste fechamento será um comentário sobre esta viagem.


Passei alguns dias litorando...

É isso mesmo. Passei alguns dias no litoral.

Vou compartilhar convosco as impressões de um falho, pobre, caipira burro do interior.


O caminho de ida

Antes de chegar ao litoral eu já estava perplexo. Fui ficando cada vez mais perplexo durante a aproximação porque é gritante a mudança na paisagem ao longo do caminho.

Você pode ver, como um filme diante dos seus olhos, aquela terra maldita e amaldiçoada onde eu moro se tornando uma terra mais viva, mais bela e mais civilizada.

Um dos pontos que você nota imeditamente, sem muita análise, é a mudança da vegetação. Isto é, a caatinga se tornando mata atlântica.

A caatinga é um bioma feio, horrososo, habitado por uma flora dantesca. Não estou exagerando, a caatinga seca parece a floresta dos suicidas do sétimo círculo do inferno.

Bioma Caatinga
Floresta Dantesca

Nessa merda não cresce nada de bom. Só há espinhos neste bioma esquecido e arrombado. Enfim, você pode ver claramente a caatinga se tornar a mata atlântica. Um bioma cheio de vida, verde, com árvores altas e folhas grandes. Eu nunca deixo de me impressionar quando saio do meu semi-deserto e entro naquela floresta linda.


Até as cores mudam quando eu me afasto do meu sertão. Parece exagero, mas não é: as cores vão ficando mais vivas.

A cor do asfalto onde moro é um preto desbotado, sem cor. Mas chegando na civilização, as cores do pavimento e as linhas vão ganhando vida e se tornando um preto mais forte.

A infraestrutura, a engenharia começa a aparecer por todos os cantos. Na minha cidade e região não existem prédios ou obras de engenharia. Não há nenhuma infraestrutura. Eu não estou acostumado a ver prédio e ainda fico impressionado com aquelas merdas gigantes parecendo pirocas de aço, concreto e vidro saindo do chão e penetrando os céus, caipira otário e trouxa que sou.


Conforto da estadia

Somos pobres, mas como era muita gente alugamos uma casa em um condomínio e eu fiquei IMPRESSIONADO com o conforto e o luxo.

Amigos, tudo naquela casa era simplesmente lindo. Era uma casa extremamente comfy, feita com muito bom gosto. Fiquei impressionado pelo tamanho da TV daquela merda. A cozinha compacta era limpa e organizada. O banheiro era grande e confortável. Tinha uma janela e eu podia dar uma mijada enquanto admirava a mata atlântica. Também tinha um espelho enorme no banheiro no qual eu ficava lá me olhando e pensando em como minha manjuba era pequena. Inclusive, o banheiro tinha TRÊS luzes. Aí já é exagero. Tinha também aquele chuveiro de limpar o rabo, mas eu fiquei com medo de usar e fazer lambança. E o melhor de tudo: tinha um ar-condicionado, a melhor invenção da humanidade. Coloquei no mínimo, que era uns 17°C, e fiquei lá relaxando fingindo que minha vida era boa.


Era muito conforto. Comparando com minha vida atual, eu estou agora teclando com as mãos suadas de calor. Tenho um ventilador comum que não resolve nada. Na minha mesa tenho também um spray de barbeiro que comprei e enchi de água para me refrescar. É basicamente suor artificial. Essa merda não resolve quase nada e molha tudo. Estou sentado em uma CADEIRA DE PRAIA. Estive sentado nela por DEZ ANOS e já está rachando. Uso um short rasgado.


Como caralho eu vivo assim, bicho? Meu quarto é todo fodido e feio, pobre, quente e barulhento. Fica perto de uma rua com fluxo e é o dia inteiro motoqueiro passando e TANANANANANA. Como eu consigo viver nessa merda? As paredes são tortas porque o pedreiro arrombado fez tudo errado. Como eu vivo assim, bicho? Meu monitor é uma TV velha de baixa resolução. Meu notebook está nas últimas. Depois de uma estadia tão confortável eu percebi a condição merda na qual vivo.


Praia e mar

Vi o mar poucas vezes na vida porque sou pobre e não costumo viajar. Litorei 4 vezes, que eu lembre. Só três delas eu fui à praia.

O mar é bonito pra caralho. Eu fico abismado com aquela merda gigante que não acaba nunca. O único problema da praia é o sol. Moro em uma região onde o sol queima forte. O calor insuportável atrapalha um pouco, mas o brisa marítima alivia. Se eu morasse no litoral eu iria pra praia toda semana, mas só ao amanhecer e entardecer. Só pra caminhar mesmo e olhar o mar. Não pra entrar na água. Não gosto de entrar na água, não vejo graça. Não sou peixe.


As mulheres não eram tão gostosas assim

Uma dificuldade que tive na praia foi evitar olhar pra bunda de todo mundo de forma explícita. Eu só dava uma olhadinha rápida e tirava um print mental, mas eu acabei olhando para mutas bundas e notei que nenhuma daquelas bundas eram tão gostosas assim.

Digo, eu sou um virgem punheteiro e já vi milhares de bundas na internet e nenhuma na vida real. Percebi que as da vida real são muito diferentes das da internet. Parecia nenhum rabo da vida real era tão bonito assim como os da internet. Até as que tinham bundas maiores ou eram mais gostosas (que eram a minoria) apresentavam defeitos de pele, ou tinham bundas murchas. Talvez seja porque moro no nordeste. De qualquer forma, a pornografia me deixou mal acostumado.

Enfim, ir a praia é a única chance na vida que um fracassado como eu tem de ver mulheres com poucas roupas, hue.


Minha criação foi uma merda

Venho de um berço superprotetor que me encheu de medos e me privou de prazeres e liberdades. Mesmo eu sendo um marmanjo, ainda sou superprotegido Nem há necessidade, já me implantaram o medo na cabeça, agora é só me deixar sozinho que a superproteção já está automatizada e eu já me autoprotejo sozinho. Mas... ainda me superprotegem mesmo sem necessidade. Eu não podia chegar a 10 metros do mar que minha mãe fazia o inferno. Enquanto isso eu via CRIANÇAS SOZINHAS no mar, seus pais a metros de distância.


Isso foi uma coisa que pensei muito durante a viagem. Eu vi pais e filhos com culturas muito diferentes da minha. Vi irmãos pequenos nadando no rio que dá no mar e os pais incentivando que nadassem mais adentro do rio. Eu vi pais na cadeira de praia, longe dos filhos pequenos, olhando de longe eles sozinhos no mar. Apenas diziam para não ir longe, confiavam nos seus filhos. Crianças de 9, 10 anos. Já eu, com quase 30, não poderia sequer chegar perto do mar sem minha mãe começar a falar sobre todos os casos de morte no mar ocorridos desde os tempos de Adão. É claro que eu ignoro ela e faço mesmo assim, mas, apenas de ouvir toda a negatividade que ela fala, meu humor muda e minha vontade de viver acaba.


Fui criado de forma muito diferente daquelas pessoas na praia. Eu cresci acorrentado e nunca tive essa liberdade. Nunca aprendi a nadar, nunca fui a um rio ou cachoeira na vida. Eu lembro de uma vez que a mãe de um amigo veio pessoalmente pedir para meus pais, e eles não deixaram. Havia lá alguns barcos e eu lembrei da vez que eu queria andar de barco com uns primos e tios e não me deixaram. Até hoje, nunca andei.


Fico pensando no tanto de experiências e prazeres que nunca tive... em prol da segurança. Deu certo, nunca morri. Estou vivo. Mas eu queria estar?


E meu pensamento ficou confuso ali mesmo na praia pensando em todos esses arrependimentos. Esqueci até de analisar as bundas. Só podia pensar no quão infeliz eu fui de ser criado dessa forma.

Lá eu invejei aquelas crianças. Eu tive inveja mesmo e pensei um dia eles vão crescer e vão se lembrar de quando os pais deles os levavam ao mar!

Eles vão construir boas memórias.

Já eu não tenho nenhuma memória. Nenhuma aventura, nenhum porto seguro no passado. Só arrependimentos.

Pensei também: eles crescerão felizes e com uma mente saudável. Já eu cresci rabugento, amargurado, revoltado, magoado, invejoso e deprimido. Frustrado.


A vida não é ruim: a minha que é

A parte boa de viajar assim é perceber que o mundo não é somente minha cidade lixo do interior.

Relembrar que a vida não se resume à minha vida e que há um mundo lá fora.


Como diz a frase:

Antes de diagnosticar a si mesmo com depressão ou baixa autoestima, primeiro tenha certeza de que você não está, de fato, cercado por idiotas.

Eu normalmente penso que a vida é ruim e não há nada que eu possa fazer, e talvez esse pensamento seja a fonte de toda minha desmotivação e desinteresse com a vida.

Mas talvez minha vida seja uma bosta porque eu moro em um quarto fodido. Em uma cidade fodida. Na região mais fodida de um dos países mais fodidos do mundo.

Talvez seja porque eu estou cercado de outros fodidos que fazem da vida um inferno. Talvez porque todo dia faz 35ºC nesta Hades infernal. Talvez seja porque, pra todo lugar que olho, só vejo pobreza e feiura.


O caminho de volta

Eu chegando no semiárido.

Vinhemos por outra rota e eu pude conhecer mais do mundo. A região era rica em eucalipto e me encantei com as culturas de eucalipto plantadas por uma área sem fim.

Todos aqueles eucaliptos me lembravam, vagamente, pinheiros. E o ar do carro estava ligado. Aquele friozinho e aqueles supostos pinheiros sobre montes em todas as direções me fizeram lembrar da Taiga e por alguns minutos parecia até que eu estava no primeiro mundo, na terra onde o sol não queima. Só não poderia abrir o vidro, pois aí entraria o calor de sheol e eu lembraria na hora que estava na verdade no MERDESTE.

Lembra do prazer de ver a caatinga virar mata atlântica? Agora era ao contrário.

Agora eu via o verde virar cinza. O vivo virar o morto. Eu via as cores se desbotando e o preto do asfalto ficar empoerado.

As árvores altas e verdes agora eram pequenas árvores secas de espinhos, em uma terra dura e seca. Não havia mais vento litoral e nem úmidade. O Planalto da Borborema não deixa passar nada.

Sumiram os prédios e as coisas bonitas. Tudo ficava pobre e feio. Finalmente em casa. Finalmente no lugar fodido que um fodido como eu pertence. Lar, doce lar.


Conclusão

Voltei desta viagem mais motivado, mais ambicioso e mais desapegado.

É difícil se manter motivado quando você não vê nada digno de esforço ao seu redor.

Mas eu visitei a civilização e pude ver pessoalmente uma terra melhor.

Me foi permitido uma olhadinha, um saboreio de uma vida melhor.

Me foi dado migalhas do queijo, não para eu me saciar, mas para me dar água na boca e sangue nos olhos.


Saindo da Falha
Thursday, 30/01/2025 20:20


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